quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

DIONÍSIO AREOPAGITA, OU PSEUDO-DIONÍSIO

Teólogo e filósofo neoplatônico cristão de expressão grega, mas de origem desconhecida, dito também Pseudo-Dionísio por ter assumido o nome daquele Dionísio Areopagita, ao qual o Apóstolo Paulo converteu ao cristianismo pelos anos 50 de nossa era, por efeito de seu discurso no Areópago de Atenas. Dionísio Areopagita se apresenta como discípulo de São Paulo de Atos 17,34. Dele possuímos as seguintes obras: Sobre a Hierarquia Celeste; Sobre a Hierarquia Eclesiástica; Sobre os Nomes Divinos; Cartas e a obra Sobre a Mística Teologia. Não existe nenhuma citação patrística, sobre Dionísio, a não ser em 532 quando ele vem citado num encontro entre Católicos, que aderiram ao Concílio de Calcedônia, e Monofisitistas Severianos. Neste encontro entre Monofisitistas e Calcedonenses, em Constantinopla, o Bispo Hipázio de Éfeso, negava a autenticidade deste "corpus" enquanto os monofisitistas baseavam sua "ortodoxia" chamando Dionísio em testemunho.

Muitos estudiosos esforçaram-se em datar e identificar nosso autor: ou atribuindo a Dionísio ser o discípulo de Paulo; ou conforme a Escola Francesa que procura identificá-lo como o primeiro Bispo de Paris, São Dionísio; ou com Pedro Ibério; ou com Pedro Fulão, Severo de Antioquia, etc.
Os estudiosos não conseguiram definir a data dos escritos dionisianos a partir da questão histórica. Koch e Stigmayr conseguiram aproximar uma datação a partir do estudo interno das obras recavando elementos que poderiam indicar sinais de nosso autor na história.

O primeiro elemento relevante encontramos no capítulo IV do tratado Sobre os Nomes Divinos. Este tratado dependia do De Malorum Subsistentia de Proclo que morrera em 485. Este elemento forçava a datação mais próxima para a metade do século V e início do século VI. Devemos destacar que não se trata somente de um estilo de aproximação entre eles, mas que Dionísio cita frases inteiras de Proclo.

Stigmayr tentou então fazer uma cronologia destacando os seguintes pontos:
1. O Concílio de Calcedônia (451) tinha condenado a doutrina Eutiquiana da mistura de Cristo. No "corpus dionysiacum" encontramos também esta preocupação. Nesta hipótese podemos datar o "corpus" depois de 451.
2. No livro que nos fala Sobre a Hierarquia Eclesiástica III,2 encontramos a referência ao Credo como parte integrante da Eucaristia, e por isso, o "corpus" deve ser posterior a 476, visto que o monofisitista Pedro Fulão foi quem introduziu na Eucaristia o Credo em Antioquia.
3. Também o decreto Henótikon do Imperador Zenão. Ele procurou conciliar os Calcedonianos e Monofisitistas condenando o uso de "uma natureza" e "duas naturezas" que também vêm evitadas na obra de Dionísio.
4. No comentário de André de Cesaréia, ao Apocalipse de São João, Dionísio é chamado em testemunho. Também Severo de Antioquia escrevendo ao Abade João cita Dionísio.

Todas estas evidências fazem datar nosso autor em fins do século V e início do século VI.

A autoridade de Dionísio vem confirmada com Máximo o Confessor, e a partir de então, Dionísio entra como citação na Igreja Oriental. Papas e Imperadores foram quem abriram no Ocidente as portas para Dionísio. Ele foi citado pelo Papa Gregório Magno (+604) bem como Papa Agatão (680) Adriano I (787). O Papa Paulo I (758) presenteou a Pepino, o Breve, com os escritos de Dionísio. Foi Ludovico Pio quem encomendou ao abade Hilduino fazer a primeira tradução do "corpus dionysiacum" para o latim. Mais tarde Escoto Eriúgena (810-877), a pedido de Carlos II, o Calvo, fez uma nova tradução que será muito superior àquela de Hilduíno.

Gozou de grande autoridade no decorrer de toda a Idade Média, porque se supunha contemporâneo dos primeiros cristãos. Mais precisamente, o autor pode ter vivido na Síria, talvez um bispo por causa da maneira respeitosa de se referir às autoridades da Igreja. As
suas obras proporcionaram uma importante contribuição ao estudo da filosofia da religião, também no Ocidente, onde circularam em versão latina. Foi de um nível de pensamento superior entre os cristãos. Sua orientação é neoplatônica e reproduziu textos de Proclo (480-485), sem todavia mencioná-lo pelo nome. A sua obra teve grande influxo para a espiritualidade Ocidental: Scoto Eriúgena, Alberto Magno, Boaventura, Tomás de Aquino, Dante Alighieri, São João da Cruz, etc.

O esquema de Dionísio tornou-se básico para a espiritualidade ocidental, esquema de ascensão à divindade. Dionísio é um dos pais da teologia apofática ou teologia negativa; para ele Deus é incognoscível e inatingível. Particularmente estabeleceu a plena espiritualidade dos anjos, contrariando ao agostinianismo e aos platônicos cristãos em geral, os quais supunham haver uma matéria sutil em todas as criaturas.

PENSAMENTOS DE DIONÍSIO AREOPAGITA

"Dizemos, portanto que a causa de todas as coisas e que está além de todas as coisas não é absolutamente razão, nem inteligência. Entretanto não é absolutamente um corpo, nem uma figura, nem uma forma e não tem quantidade ou qualidade ou peso; não está em algum lugar, não vê, não tem um tato sensível, não sente, nem cai debaixo da sensibilidade; não conhece desordem e perturbação para ser agitado pelas paixões naturais ... Portanto, começando a subir, dizemos que não é alma nem inteligência; não possui imaginação ou opinião ou razão ou pensamento; não é Palavra nem pensamento; não se pode exprimir nem pensar; não é número nem ordem; nem grandeza nem pequenez ... e está acima de toda a negação a excelência de quem é livre absolutamente de tudo e que está acima do universo".

"A escuridão é a inacessível claridade...".

"Exercite-se sem parar as contemplações místicas, abandone as sensações, renuncie às operações intelectuais, rejeite tudo que pertence ao sensível e ao inteligível, despoje-se totalmente do não-ser e do ser, e eleve-se assim, tanto quanto lhe seja possível, até unir-se, na ignorância, com Aquele que está além de toda essência e de todo saber. Pois é em saindo de tudo e de você mesmo, de modo irresistível e perfeito, que você se elevará numpuro êxtase até o raio nas trevas da divina Superessência, tendo tudo abandonado e estando despojado de tudo".

"A Causa boa (Deus) de todas as coisas pode ser expressa com muitas e com poucas palavras, mas também com a ausência absoluta de palavras. Com efeito, não há palavra nem inteligência para expressa-la, porque ela está colocada supra-substancialmente além de todas as coisas, e só se revela verdadeirmente e sem qualquer véu para aqueles que transcendem todas as coisas impuras e puras, superam toda a subida de todos os cumes sagrados, abandonam todas as luzes divinas e os sons e discursos celestes e penetram na escuridão onde verdadeiramente reside, como diz a Escritura, aquele que está além de tudo".

"Se acontece que, vendo a Deus, compreende-se o que se vê, é que não se viu ao próprio Deus, mas algumas dessas coisas cognoscíveis que a ele devem a existência. Isso porque em si mesmo ele ultrapassa toda inteligência e toda essência. Ele não existe, de maneira puperessencia, e não é conhecido, para além de toda intelecção, senão na medida em que é totalmente desconhecido e que não existe. E é este perfeito desconhecimento, tomado no melhor sentido da palavra, que constitui o verdadeiro conhecimento dAquele que ultrapassa todo conhecimento".

"... conhecer para além da inteligência pelo não conhecer nada".

"Não é sem razão que falamos de Deus e que o celebramos a partir de todos os seres... Mas a maneira de conhecer a Deus que é a mais digna dele é a de conhecê-lo à maneira de desconhecimento, numa união que ultrapassa toda inteligência, quando a inteligência, desprendida de antemão de todos os seres, sai em seguida de si mesma, une-se aos raios mais luminosos que a própria luz e, graças a esses raios, resplente na insondável profundeza da Sabedoria".

"Trindade superessencial e mais que divinal e mais que boa, tu que presides a divina sabedoria cristã, conduze-nos não somente para além de toda luz, mas para além do desconhecimento, até o mais alto cimo das Escrituras místicas, onde os mistérios simples, absolutos e incorruptíveis da divindade se revelam nas Trevas mais que luminosas do Silêncio. É no silêncio, com efeito, que se aprendem os segredos destas Trevas... que brilha com luz mais luminosa no seio da mais negra obscuridade e que, embora permaneça ela própria perfeitamente intangível e perfeitamente invisível, enche de esplendores mais belos que a beleza das inteligências que sabem fechar os olhos... ".

"Ousamos negar tudo a respeito de Deus para chegarmos a esse sublime desconhecimento que nos é encoberto por aquilo que conhecemos sobre o restante dos seres, para contemplar essa escuridão sobrenatural que está oculta ao nosso olhar pela luz perceptível nos outros seres".

HILDEGARDA VON BINGEN (1098–1179)

Hildegarda de Bingen foi uma mulher notável, que escreveu versos e música religiosa, obras de teologia e escritos sobre visões, e deixou também inúmeras cartas. É a primeira entre os grandes místicos alemães. Teve suas revelações aprovadas por bispos e papas, que permitiram-lhe a publicação. Com senso de justiça, não tinha medo de denunciar ninguém, nem poderosos arcebispos. Para a vida de suas religiosas, compôs poesias, hinos e antífonas, musicados por ela mesma e que hoje estão sendo lançados no mercado discográfico. Também ainda se editam seus livros de medicina, com receitas extraídas da natureza. Uma mulher completa, que marcou a história medieval alemã e eclesial.

Hildegarda de Bingen nasceu em Bockelheim, Alemanha em 1098. É uma das mais notáveis figuras alemãs do século XII: poetisa e profetisa, musicista, médica e moralista política, ousava censurar papas e príncipes, bispos e leigos. Hildegarda foi a décima e última filha de uma nobre família e foi logo destinada à Igreja. Aos 8 anos, muito doente, foi entregue aos cuidados de uma tia monja chamada Jutta para receber uma educação religiosa. Jutta ensinou-lhe a ler e escrever e rudimentos de latim. Jutta faleceu em 1136. Nessa altura, as outras monjas elegeram Hildegarda, então com 38 anos, para abadessa.

Desde a morte de sua tutora Jutta, em 1136, Hildegarda tornara-se ela própria responsável pela parte feminina do mosteiro de São Disibod. Os escritos de Hildegarda chamaram a atenção do Papa Eugénio (1145-1153), que a exortou a continuar a escrever.

Ela teve várias experiências místicas, as quais teve o cuidado de registrar em seus escritos. Seu trabalho mais conhecido é Scivias, escrito entre 1141 e 1151, no qual ela relata suas 26 visões. Em 1151, Hildegarda acabou o seu primeiro livro de visões Scivias. O Scivias, abreviatura de Scito vias Domini (Conhece os caminhos do Senhor), foi seu primeiro livro, no qual, auxiliada pelo monge Volmar, registrou com grande riqueza de detalhes vinte e seis visões. O Scivias compreende três partes, a primeira relatando seis visões, a segunda, sete visões e a terceira, treze. Foi também o ponto de partida para tornar Hildegarda não apenas conhecida mas sobretudo aceita como autoridade nos mais variados assuntos tanto religiosos quanto relativos ao comportamento humano e à natureza.

Em 1147 ela fundou o Convento de Ruperstsberg perto de Bingen. Ela foi ainda a Abadessa do seu convento Beneditino de Ruperstsberg, e é chamada "Sibila a mística do Reno". O mosteiro que construiu tinha água encanada em todos os 50 aposentos. Ela mesmo dirigiu a construção, ao mesmo tempo se dedicando a viagens, a fim de denunciar abusos na Igreja e fomentar a reforma na vida cristã.

Por volta de 1150, Hildegarda mudou o seu convento de Disibodenberg para Bingen, 30 km a norte, nas margens do Reno. Mais tarde, fundou outro convento em Eibingen, na outra margem do rio. Hildegarda foi autora de várias obras musicais de temática religiosa incluindo Ordo Virtutum, uma espécie de ópera que relata um diálogo de um grupo de freiras com Deus. Sua música e poesia continuou popular por séculos. Escreveu música e textos em honra da Virgem Maria em canto chão (gregoriano) e antífonas.

Dessa época (1150), é Ordo Virtutum (Peça sobre as Virtudes). Escreveu ainda dois livros de visões Liber vitae meritorum (1150-63) (Livro dos merecimentos da Vida) e Liber divinorum operum (1163) (Livro das Obras Divinas). Escreveu ainda dois dos únicos livros de medicina escritos na Europa no século XII, onde demonstrou um conhecimento notável de plantas medicinais. Publicou ainda Physica e Causae et Curae (1150), sobre história natural e sobre os poderes curativos de vários objetos naturais.

A sua fama de mística e santidade ultrapassou as fronteiras do seu convento e do seu país, chegando a Roma. O Papa Eugénio III estabeleceu uma comissão para investigar a sanidade de Hildegarda e a validade das suas obras. A comissão visitou Bingen e após diversas entrevistas com Hildegarda, a abadessa foi considerada sã. Nunca foi formalmente canonizada, mas ela é considerada como uma santa na Alemanha. Após quatro tentativas de canonização, Hildegarda permanece apenas beatificada. A Igreja Anglicana também a reconhece como santa. É conhecida também como Santa Hildegarda von Bingen.

Hildegarda faleceu em 17 de Setembro 1179.

Se o interesse pelos seus livros é hoje puramente histórico, já a sua música é objeto de enorme divulgação nos últimos decénios, com inúmeros discos gravados.

PENSAMENTOS DE HILDEGARDA VON BINGEN

"Sou a brisa que nutre todas as coisas verdes. Encorajo o desabrochar dos botões em frutos maduros. Sou a chuva que vem do orvalho e provoca o riso da grama pela alegria de viver"

"Não quero que perscrutes as estrelas, o fogo ou as aves, ou qualquer outra criatura que seja, sobre as causas futuras".

"Ó homem, Eu te resgatei pelo sangue do Meu Filho, não com malícia e iniqüidade, mas com a máxima justiça. E contudo Me abandonas, a Mim, o verdadeiro Deus, e segues aquele que é mentira. Eu sou a justiça e a verdade, é por isso que te advirto na fé, exorto-te no amor e acolho-te na penitência, a fim de que, mesmo ensangüentado pelas feridas do pecado, te ergas da profundeza da queda".

"Oh pastor das almas
e oh primeira palavra
pela qual temos sido todos criados!
Consente, consente agora
em livrar-nos
de nossas misérias e nossa languidez!"

"Primitivamente os homens eram rudes e simples em seus costumes; depois, na Antiga e na Nova Lei, tornaram-se mais instruídos e se afligiram e se molestaram mutuamente. Mas no final dos séculos terão de sofrer muitos reveses por seu endurecimento".

"E ouvi de novo uma voz do céu, que dizia: 'Deus, que fez todas as coisas por Sua vontade, criou-as para conhecimento e honra de Seu nome. Não somente para mostrar nelas as coisas visíveis e temporais, mas para manifestar nelas as coisas invisíveis e eternas. O que é demonstrado pela visão que contemplas.'"

"O Espírito Santo, vida vivificante,
é o motor de tudo e a raiz de toda criatura.
Purificas tudo da impureza,
apagando os pecados, suavizando as feridas;
Ele é assim a vida fulgurante e digna de louvor,
que desperta e reanima a todas as coisas"

"Ó Deus, que fizestes admiravelmente todas as coisas, Vós coroastes o homem com a coroa de ouro da inteligência; e o revestistes com a soberba vestimenta da beleza visível; e assim o colocastes, como um príncipe, acima de Vossas obras perfeitas, que dispusestes com justiça e bondade entre Vossas criaturas. Porque outorgastes ao homem dignidades maiores e mais admiráveis do que às outras criaturas".

"Porque, quando o homem possui uma tão grande força que Me ame com ardor maior que as outras criaturas (...), Eu não separo seu espírito de seu corpo antes que ele tenha podido levar à maturidade seus frutos saborosos, que têm um odor suave. Mas aquele que Eu considere tão débil que não possa suportar meu jugo em meio às tentações do sedutor maligno e na pesada escravidão de seu corpo, Eu o retiro deste século antes que ele comece a murchar com o aviltamento de sua alma; porque Eu sei tudo".

"Oh maravilhosa presciência
do coração divino
que conheceu de antemão a toda criatura!
Pois quando Deus viu o rosto do homem
que Ele modelou,
o que viu foram todas suas obras
nesta mesma forma humana toda inteira.
Oh maravilhosa inspiração
que fez assim nascer o homem!"

“A oração é, essencialmente, a inspiração e expiração da respiração do universo”.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

SANTA TERESA DE ÁVILA (1515-1582)

Teresa de Cepeda y Ahumada ou Santa Teresa de Jesus nasceu em Ávila, na Espanha, em 1515. Teresa foi mulher de grande inteligência e sabedoria. Seus pais, Alonso Sanchez de Cepeda e Beatriz d'Ávila y Ahumada, a educaram, junto com os irmãos, dentro do exemplo e dos princípios cristãos. Quando criança, se encantou tanto com a leitura da vida dos santos mártires, que combinou fugir com o irmão para uma região onde muitos cristãos eram martirizados e, se não fossem os parentes terem-na encontrado por acaso, teria fugido, levando consigo o irmão Rodrigo. Desde então, Teresa amava a solidão. Em seu quarto tinha um quadro que representava Jesus falando à Samaritana. Ela gostava de repetir diante do quadro: "Senhor, dá-me de beber para que eu não volte a ter sede".

Órfã de mãe aos quatorze anos, Teresa assumiu Nossa Senhora como sua mãe adotiva. Mas o despertar da adolescência a levou a ter experiências excessivas ao lado dos primos e primas, tornando-se uma grande preocupação para seu pai. Aos dezesseis anos, sua atração pelas vaidades humanas era muito acentuada. Por isso, seu pai a colocou para estudar no colégio das agostinianas em Ávila. Após dezoito meses, uma doença grave a fez voltar para receber tratamento na casa de seu pai, o qual se culpou pelo acontecido.

A jovem começou a pensar seriamente na vida religiosa que a atraia por um lado e a repugnava por outro. O que a ajudou na decisão foi a leitura das "Cartas" de São Jerônimo, cujo fervoroso realismo encontrou eco na alma de Teresa. A jovem comunica ao pai que desejava tornar-se religiosa, mas este pediu-lhe para esperar que ele morresse para ingressar no convento. Temendo fraquejar em seu propósito, a santa foi visitar escondidamente sua amiga Joana Suárez, que era religiosa no convento Carmelita da Encarnação, em Ávila, com a intenção de não voltar para casa.

Aos vinte anos, ingressou no Carmelo de Àvila, onde viveu no relaxamento, pois muito se apegou às criaturas, parentes e conversas destrutivas, assim como conta em seu livro da vida. Teresa sempre foi amiga de boas leituras, e certa vez leu um livrinho que lhe fora dado de presente por seu tio Pedro: "O terceiro alfabeto espiritual", do Pe. Francisco de Osuna. Teresa seguiu as instruções dapequena obra e começou a praticar a oração mental. Mas a grande conversão de Teresa foi assim: Certo dia, olhando uma imagem de Cristo muito sofrido e ensanguentado perguntou: "Senhor, quem vos ,colocou aí?" Pareceu-lhe ouvir uma voz: "Foram tuas conversas no parlatório que me puseram aqui, Teresa". Ela chorou muito e a partir de então não voltou a perder tempo com conversas inúteis e nas amizades que não a levavam à santidade. Assumiu a partir desta experiência a sua conversão e voltou ao fervor da espiritualidade carmelita, a ponto de criar uma espiritualidade modelo.

Teresa viveu 27 anos nesse mosteiro da Encarnação. Em 1562, com 47 anos, Teresa deu início à reforma dos Carmelos tão numerosos na Espanha. Obra gigantesca que exigiu de sua vocação para a contemplação e doação total à ação e suas lutas e experiências místicas, produziram obras imortais, como o caminho da perfeição, as moradas, a autobiografia que são ainda hoje, fontes de perene vida e seta que aponta a finalidade da via carmelita: União absoluta com Deus até se formar uma espécie de matrimônio espiritual entre a alma e Deus. Realizou uma grande reforma no Carmelo e fundou outros, inclusive dois de frades. Santa Teresa conseguiu fundar mais de trinta e dois mosteiros, além de recuperar o fervor primitivo de muitas carmelitas, juntamente com São João da Cruz.

A pedido de seus superiores, registrou toda a sua vida atribulada de tentações e espiritualidade mística em livros como "Caminho da perfeição", “Castelo Interior ou Moradas” e “Livro da vida” e outros. Neles, ela própria narra como um anjo transpassou seu coração com uma seta de fogo. Escreveu poemas famosos e de grande valor espiritual como "Nada te perturbe", "Alma, busca-te em Mim", "Morro porque não morro". e outros.

Teve sofrimentos físicos e morais antes de morrer. Doente, morreu no dia 4 de outubro de 1582, aos sessenta e sete anos, no Convento de Alba de Torres, Espanha. Uma de suas últimas palavras foram: "Senhor, sou filha de vossa Igreja. Morro como filha da Igreja" e por fim: "Oh, Senhor, por fim chegou a hora de nos vermos face a face!".

PENSAMENTOS DE SANTA TERESA DE ÁVILA

"Compararei a Divindade com um polido diamante muito maior que o universo. Todas as nossas ações refletem-se nele, por que Ele encerra todas as coisas, tanto que fora da sua amplitude nada existe"

"Ó Senhor, experimento tanta alegria ao pensar que as minhas infidelidades fazem com que melhor conheça a vossa misericórdia, que sinto suavizar-se a dor pelas graves ofensas que vos fiz"

"A oração consiste em tratar a Deus como um pai, um irmão, um Senhor e um Esposo"

"A oração é onde o Senhor ilumina para entender as verdades"

"Jamais creiais que adquiristes uma virtude, enquanto não a tiverdes provado com aquilo que lhe é contrario"

"Tão logo Sua Majestade o quer, Deus e a alma se compreendem, como dois amigos que não precisam de palavras para manifestar-se a grande afeição que os une"

"No nosso próximo, procuremos ver tão somente as virtuides e as boas obras e cubramos os seus defeitos considerando os nossos pecados"

"Diante da Sabedoria infinita, mais vale um breve desejo de humildade com algum ato da mesma, do que toda a ciência do mundo"

"Tenho como certo que uma alma de oração, que se entretenha com homens doutos, jamais será enganada pelo demônio, a não ser que deseje enganar-se a si mesma. O demônio tem muito medo da força interior humilde e virtuosa, por que sabe que seria descoberto e levaria a pior"

"Deus tem cuidado dos nossos interesses muito mais do que nós mesmos, sabendo o que convém a cada um"

"O edifício da oração deve sempre alicerçar-se na humildade: quanto mais uma alma se mostra humilde na oração, tanto mais Deus a exalta"

"A todos que tudo abandonam por amor de Deus, Ele se entrega totalmente"

"Construir grandes casa com o dinheiro dos pobres é muito desconveniente, e o Senhor jamais o perdoará"

"Em assunto de contemplação, muitas vezes Deus leva vinte anos para dar a alguém aquilo que a outros dá em apenas um ano. O motivo disso somente Ele o sabe"

"Tenho certeza de que Deus jamais deixa de favorecer as almas firmemente decididas a ser dele"

"O caminho da cruz é o que Deus reserva aos seus escolhidos: quanto mais os ama, mais os sobrecarrega de tribulações"

"Existem almas tão simples que nada sabem sobre os costumes e os assuntos do mundo, mas que, no entanto, muito entendem das relações com Deus"

"A coragem em sofrer muito ou sofrer pouco está sempre na proporção do amor"

"Quem pede a perfeição é inundado de tantas graças a ponto de atingir aquele elevado grau que é próprio dos que já alcançaram"

"As cruzes dos contemplativos são muito pesadas, e o Senhor só as manda para as almas já provadas desde muito tempo"

"Não há melhor meio para descobrir as insídias do demônio e obrigá-lo a dar-se a conhecer, do que o da oração"

"As palavras de Deus fixam-se tão profundamente no espírito que não mais é possível esquecê-las, ao passo que aquelas do intelecto assemelham-se a um pensamento fugaz que subitamente se esvai da mente"

"Ó Senhor! Como os cristãos pouco vos conhecem!"

"Almejemos e pratiquemos a oração já não para desfrutar, mas para ter a força de servir ao Senhor"

"O proveito da alma não consiste em muito pensar mas em muito amar"

"É uma grande virtude saber ter concórdia com todos e suportar-lhes os defeitos"

"Achegando-nos do Santíssimo Sacramento com grande espírito de fé e de amor, creio que uma única comunhão é suficiente para deixar-nos ricas. O que dizer, então, de tantas que já recebemos?"

"O Senhor não se contenta em igualar os seus dons aos nossos modestos desejos"

"O Senhor sabe o que cada pessoa pode fazer e, quando se encontra com uma alma forte, não cessa de impor nela a sua vontade"

"Senhor, como são amenos os vossos caminhos! Mas, quem os palmilhará sem medo?"

"Gosto de insistir mais no exercício das virtudes, do que na prática das austeridades corporais"

"Jamais me cansei em falar ou em ouvir falar de Deus: e isto desde que comecei a prática da oração"

"A quantos tudo abandonam por amor de Deus, Ele se entrega totalmente"

"Quanto mais santas fordes, mais amáveis devereis mostrar-vos"

"Como é bom o Senhor! Parece que se regozija em manifestar o seu poder, enaltecendo e enriquecendo com grandes favores almas tão mesquinhas como as nossas"

"Conhecem-se melhor os mistérios concernentes à oração quando se examinam os efeitos e as obras que deles derivam: com efeito, não há têmpera melhor para prová-los"

"Quando a alma está verdadeiramente ferida pelo amor de Deus, desvencilha-se sem nenhuma dor do amor das criaturas, isto é, ela não se sente prisioneira de nenhum afeto. Sem dúvida, a isso não se pode chegar sem o amor de Deus, porque as coisas criadas, se muito desejadas, causar-nos-iam sempre algum sofrimento, especialmente se quiséssemos abandoná-las, ao passo que, se o Senhor se apoderasse duma alma, esta acabaria dominando todas as criaturas"

"Da mesma forma que no céu há muitas ocupações, também existem muitos caminhos para a oração"

"Quem começou a rezar não deve interromper a oração, em que pesem os pecados cometidos. Com a oração poderá logo soerguer-se, ao passo que sem ela ser-lhe-á muito difícil. Não deixe que o demônio o tente a abandonar a oração por humildade"

"A porta por onde me vieram tantas graças foi somente a oração: se ela estivesse fechada, eu não saberia de que outra maneira poderia recebê-las. Quando Deus quiser entrar numa alma para ali se deleitar e preenchê-la de bens, apenas esta possibilidade existe porque ele a quer sozinha, pura e desejosa de recebê-lo"

"A companhia do bom Jesus é proveitosa demais para que nos afastemos dela, o mesmo acontece com a da sua Santíssima Mãe!"

"A alma deve abandonar-se nas mãos de Deus, para que Ele faça o que quiser dela. Ela deve esquecer-se de todos os seus interesses e fazer o possível para resignar-se à sua divina vontade"

"Quem começa a servir verdadeiramente o Senhor, o mínimo que lhe pode oferecer é a própria vida."

"O Senhor deve também vir em nosso socorro na proporção das fadigas que aguentamos por causa do seu amor. E visto que essas angústias são grandes, menores não devem ser as graças"

"Não consigo compreender que haja ou possa haver humildade sem amor, e amor sem humildade. Mas nenhuma destas duas virtudes jamais poderá subsistir numa alma sem um profundo despego de todas as coisas"

"Sem dúvida, não é preciso pedir a cruz, porque Deus, aos que Ele ama, a dá espontaneamente, como a deu a seu Filho"

"Muitas vezes o Senhor permite uma queda a fim de manter a alma na mais profunda humildade. Se ela se arrepende e volta a Ele com sinceridade, mais progredirá, conforme sabemos de muitos santos"

"Deus tem cuidado dos nossos interesses muito mais do que nós mesmos, sabendo o que convém a cada um."

"As coisas da alma sempre devem ser consideradas com amplitude, extensão e magnificência, sem medo de exagerar, porque a capacidade da alma ultrapassa toda humana imaginação"

"Por mais profunda que seja, a verdadeira humildade nunca inquieta, nem agita, nem perturba a alma, mas a inunda de paz, de suavidade e de repouso"

"Podemos considerar a nossa alma como um castelo incrustado num só diamante ou num cristal muito polido no qual há muitas moradas, como as que existem no céu"

"Quem ama verdadeiramente o Senhor, gosta de tudo, quer tudo, louva tudo, favorece o que é bom e só anda na companhia dos bons para ajudá-los e defendê-los. Numa palavra só ama a verdade e o que é digno de ser amado"

"Não creias que seja possível a quem ama verdadeiramente o Senhor, amar ao mesmo tempo as vaidades da terra"

"Não há nada que se possa comparar com a grande beleza duma alma e com a sua imensa capacidade!"

"Jamais chegaremos a conhecer-nos, se juntos não procurarmos conhecer a Deus"

"O único desejo ardente de quem quer entregar-se à oração deve ser o de fazer todo o possível para decidir-se e melhor dispor-se para conformar a sua própria vontade àquela de Deus"

"Uma ou duas pessoas que digam a verdade valem mais do que muitas reunidas."

"A oração mental não é senão uma íntima relação de amizade, um frequente entretenimento a sós com Aquele que sabemos nos amar"

"O Senhor quer mostrar à alma que Ele pretende unir-se a ela numa amizade tão íntima de modo que, entre eles, não exista coisa alguma dividida"

"Devemos guardar-nos em querer entender as coisas de Deus e procurar quais são as suas razões"

"A alma que Deus expõe aos olhos do público deve se preparar para ser mártir do mundo: embora não queira morrer para o mundo, ele a fará fenecer"

"Quando Deus assim o quer, nós só podemos estar sempre com Ele"

"A dor pelos pecados cresce em proporção aos favores que o Senhor nos concede: e julgo que só desaparece quando coisa alguma pode suscitar compaixão"

"O amor de Deus não está nos deleites espirituais, mas em estar firmemente resolvidos a contenta-lo em todas as coisas, tentando todo esforço para não ofendê-lo, e rezando pelo aumento da honra e da glória do seu Filho e pela exaltação da Igreja Católica"

"Só porque derramamos muitas lágrimas, não devemos pensar que já alcançamos a perfeição. Antes, pratiquemos muitas obras e exercitemos a virtude, pois estas são as coisas que mais convém para o nosso caso"

"A oração não é senão um fato de amor, e é insensato pensar que só se faz oração quando se dispõe de tempo e solidão"

"Ó Senhor, experimento tanta alegria ao pensar que as minhas infidelidades fazem com que melhor conheça a vossa misericórdia, que sinto suavizar-se a dor pelas graves ofensas que vos fiz"

"No nosso próximo, procuremos ver tão somente as virtuides e as boas obras e cubramos os seus defeitos considerando os nossos pecados"

"Tenho como certo que uma alma de oração, que se entretenha com homens doutos, jamais será enganada pelo demônio, a não ser que deseje enganar-se a si mesma. O demôniotem muito medo da força interior humilde e virtuosa, por que sabe que seria descoberto e levaria a pior"

"Deus tem cuidado dos nossos interesses muito mais do que nós mesmos, sabendo o que convém a cada um"

"A todos que tudo abandonam por amor de Deus, Ele se entrega totalmente"

"Em assunto de contemplação, muitas vezes Deus leva vinte anos para dar a alguém aquilo que a outros dá em apenas um ano. O motivo disso somente Ele o sabe"

"Tenho certeza de que Deus jamais deixa de favorecer as almas firmemente decididas a ser dele"

"O caminho da cruz é o que Deus reserva aos seus escolhidos: quanto mais os ama, mais os sobrecarrega de tribulações"

"Quando é o coração que reza, Ele sem dúvida nos atende"

"Existem almas tão simples que nada sabem sobre os costumes e os assuntos do mundo, mas que, no entanto, muito entendem das relações com Deus"

"A coragem em sofrer muito ou sofrer pouco está sempre na proporção do amor"

"Oração e maneiras sofisticadas não combinam"

"Quanto mais santas fordes, mais afáveis devereis mostrar-vos"

"As cruzes dos contemplativos são muito pesadas, e o Senhor só as manda para as almas já provadas desde muito tempo"

"Não há melhor meio para descobrir as insídias do demônio e obrigá-lo a dar-se a conhecer, do que o da oração"

"Muitas vezes, quando menos se pensa e sequer estamos preocupados com Deus, Sua Majestade agita a alma ugual a um relâmpago ou semelhante a um cometa que passa rapidamente"

"O Senhor dirige cada pessoa segundo o que julga ser melhor"

"Não há nada mais útil e mais agradável a Deus do que esquecermo-nos de nós mesmos, dos nossos interesses, das nossas satisfações pessoais, para ocuparmo-nos da sua honra e da sua glória"

"Deus distribui os seus bens como quer, quando quer e a quem quer, sem fazer discriminação com ninguem"

"É um fato que, embora saibamos que estamos sempre na presença de Deus, muitas vezes negligenciamos em pensar nisso"

"Ele exige que nada reserveis. Seja pouco ou muito o que tendes. Ele quer tudo para si: por maiores ou menores que sejam as graças que tiverdes, sempre serão, porém, em proporção com aquilo que houverdes dado. Para saber se a nossa oração chega ou não à unificação não há prova melhor"

"A vida é longa e é tão cheia de tribulações que para suportá-las com perfeição sempre é preciso considerar como as assimilaram Cristo, nosso modelo, os seus Apóstolos e os Santos"

"Rezar pelos que estão em pecado mortal é uma esmola muito grande"

"Ó Senhor! Em que angústias colocais quem vos ama! No entanto, tudo é pouco diante da maneira com que logo o favoreces"

"No dia de Ramos, acabando de comungar, entrei em grande suspensão, de modo que nem podia engolir a Espécie, e, tendo-a na boca, senti verdadeiramente, ao voltar um pouco a mim, que toda ela se enchera de sangue"

"A humildade é o alicerce do edifício, e o Senhor nunca o elevará demasiado, se dita virtude não for verdadeiramente sólida"

"Almejemos e pratiquemos a oração já não para desfrutar, mas para ter a força de servir ao Senhor"

"O proveito da alma não consiste em muito pensar mas em muito amar"

"É uma grande virtude saber ter concórdia com todos e suportar-lhes os defeitos"

"Em matéria de fé, eu morreria mil vezes do que me oporia a qualquer coisa da Igreja ou a qualquer verdade da Sagrada Escritura"

"O Senhor quer obras. Por exemplo, deseja que não te preocupes em perder aquela aquela devoção para consolar uma doente a quem vês que podes servir de alívio, fazendo teu o seu sofrimento, jejuando, se preciso for, para dar-lhe de comer; e isso não tanto por ela, mas porque sabes que esta é a vontade de Deus. Eis em que consiste a verdadeira união com a vontade de Deus"

"Se avançarmos com humildade, a misericórdia de Deus nos servirá sempre de ajuda"

"Jamais se peca sem sabê-lo"

"O espírito de Deus - se verdadeiro - sempre produz humildade"

"Somente o amor dá valor às obras"

"Depois disso, ao me aproximar para comungar, eu me lembrava da imensa Majestade que vira e me dava conta de que era Ele que estava no Santíssimo Sacramento, o que fazia os meus cabelos arrepiarem e me dava a impressão de estar toda desfeita"

"Podemos suportar qualquer luta ou inquietação, quando nos encontramos em paz intimamente"

"Quanto mais as almas se adiantam na oração e mergulham em maiores delícias com Deus, mais se dedicam às necessidades do próximo, especialmente às carências daquelas que parecem estarem preparadas a sacrificar mil vidas conquanto arranquem uma só do pecado mortal"

"O Senhor não se contenta em igualar os seus dons aos nossos modestos desejos"

"Amor e temor a Deus! É dizer pouco? São dois castelos fortes a partir dos quais se faz guerra ao mundo e aos demônios"

"Não posso deixar de crer que é por falta de humildade que algumas pessoas tanto se afligem por causa das insensibilidades que sofrem"

"O Senhor sabe o que cada pessoa pode fazer e, quando se encontra com uma alma forte, não cessa de impor nela a sua vontade"

"Quanto mais recebe, mais é obrigado a dar. E então, que podemos nós fazer por um Deus tão generoso que chegou a morrer por nós, que nos criou e nos conserva a vida, senão retribuir, ao menos em parte, o muito que lhe devemos em vista dos grandes serviços que nos prestou?"

"O Senhor nos ama mais do que nós mesmos nos amamos"

"Quem não ama o próximo não vos ama, pois Vós, meu Senhor, como sabemos, demonstraste vosso amor pelos pobres filhos de Adão com toda a efusão do vosso sangue"

"Jesus só quer a nossa amizade"

"Os sofrimentos são premiados com o amor de Deus. Em consequência, quem os anseia, se valem tamanho preço?"

"Ei-lo aqui, sem sofrimento, cheio de glória, confortando uns, animando outros, antes de subir aos céus, nosso companheiro no Santíssimo Sacramento, porque parece que Ele não poderia afastar-se um momento de nós"

"Oh, não entendemos que o pecado é uma guerra campal de todos os sentidos e faculdades da alma contra Deus!"

"Até então eu estava muito contente, porque é para mim um grandíssimo consolo ver uma igreja mais onde esteja o Santíssimo Sacramento. Mas a minha alegria durou pouco. Terminada a missa, fui a uma janela e olhei o pátio; não havia paredes sem partes desmoronadas"

HADEWIJCH DE ANTUÉRPIA (1190-1240)

Não se sabe exatamente quando nasceu Hadewijch de Antuérpia, mas foi por volta de 1190. Ela faleceu pelo ano 1240. Hadewijch foi uma Beguina de Flandres, Holanda, a qual extravasou seu amor extático por Deus em líricas místicas de amor, um gênero literário desconhecido no Ocidente, até então.

Foi uma das primeiras e mais influentes figuras de amor místicas, na qual a união com Deus é vivida na terra como um relacionamento de amor simbólico.

Embora ela escrevesse no holandês medieval e endereçasse suas obras para as companheiras Beguinas, ela tinha bom conhecimento do latim e do francês e usou isso para efeito literário.

Sua doutrina mística, que se mostra reservada frente ao clima extático de sua época, descreve a união mística insistindo no fato de que esta não tem lugar no gozo contínuo da presença de Deus, senão que geralmente na imitação de Cristo, especialmente em seus sofrimentos.

Hadewijch sustentava que o indivíduo não encontraria força para buscar o Amado (Minne, o Divino) a menos que ele inicialmente provasse a força compulsiva do Amor (Minne).

Toda a Trindade, modelo paradigmático de um dinâmico revelar-se de Deus no plano histórico, é declinada no feminino. Para Hadewijch de Antuérpia, a escritora beguina dos Minnesaenger, os cantos do amor, o divino é a Senhora Amor (die Frau Minne), amor absoluto, amor-desejo.

PENSAMENTOS DE HADEWIJCH DE ANTUÉRPIA

"Quer eu esteja viajando pelo país ou colocada na prisão - de qualquer modo, é o trabalho do amor".

“Todos nós desejamos ser deuses com Deus, mas Ele sabe que poucos desejam ser homens com Ele em sua humanidade, carregar a cruz com Ele, ser pregado nela com Ele e pagar o débito da humanidade”

"Você deve escolher e gostar da vontade de Deus em todas as coisas. Sua vontade para você, para seus amigos, por Ele, mesmo que seu próprio desejo seja que Ele lhe dê consolo, de maneira que possa viver aqui em paz e tranqüilidade".

"No primeiro princípio Amor (Minne) nos sacia: quando Amor no início me falou de amor, Ah! Como toda a Ele, de tudo eu ria: fez-me então assemelhar-me à semente que na cinzenta estação logo floresce mas longamente o fruto faz esperar"

"A loucura de amor é uma rica meada. Quem quer que reconheça isso não trocaria o Amor por nada: ele pode unir os Opostos e reverter o paradoxo. Declaro a verdade sobre isso: a loucura do amor torna amargo o que era doce, torna o estrangeiro um amigo, e torna o menor o mais digno".

"Para almas que não atingiram tal amor, eu dou este bom conselho: se não podem fazer mais, que peçam anistia ao Amor, e o sirvam com fé, de acordo com o conselho do nobre Amor, e pensem: 'Pode acontecer, o poder do Amor é tão grande!' Só depois que morre é que uma pessoa fica além da cura".

"O que é este suave peso do Amor e seu jugo de suave sabor? Será a nobre carga do espírito com que o Amor toca a alma amante e a une a ele numa só vontade e em um só ser, sem retorno?"

"Oh, como aos meus olhos parece novo quem serviu ao novo Amor com fidelidade nova e verdadeira -como a noviça deveria apropriadamente fazer quando o Amor primeiro se revela a ela... Pois o Amor concede o bem novo que torna a mente nova, que renova a si mesmo em tudoem que o Amor renovadamente toca".

"Conheço uma pessoa que no início dedicava-se ao Amor como num jogo: até que perdeu-se nele tão completamente que já não havia jogo algum para ela. Para ela, o recuo é completamente impossível".

"Devemos esquecer completamente o amor em troca do Amor;aquele que troca o amor pelo Amor é sábio. É íntegro, seja na morte ou na vida:morrer pelo Amor é ter vivido bastante. Eia, Amor! Há muito tempo me conduziste ao extremo; mas neste mesmo extremo aonde me levaste, manterei vigília, Amor, a serviço de teu amor."

"Deves sempre, com avidez ardente,procura novos sofrimentos em prol do Amor. Deves deixar o Amor - ele mesmo - agir; Ele te recompensará todas as penas com amor. Se deixares teus sofrimentos serem um fardo para ti, tu não o amas, é evidente. Se desejas fazer uma cena e ostentar teu sofrimento, esqueceste completamente do nosso Amor, que conquista tudo, e conquistará quem quiser pertencer completamente a ele... Assim, adornemo-nos ambas para que o próprio Amor possa nos levarà beatitude que foi preparada, onde o Amor estará eternamente".

"Quem conquista o Amor é ele mesmo conquistado;assim ele é servido;e quando acalenta quem quer que seja ele consuma em nova moldura tudo o que possui. Assim, sendo velho, aprende
através do poder do Amor conquistar a paz, onde ele descobre que o preço do Amor é a miséria".

"Às vezes indulgentes e às vezes rudes, às vezes tenebrosos e às vezes brilhantes: ao liberar consolo, no medo coercitivo, no aceitar e no dar, devem aqueles que são cavaleiros errantes no Amor viver sempre aqui embaixo".

SANTA ANGELA DE FOLIGNO (1248-1309)

Angela de Foligno nasceu em 1248 na cidade de Foligno, Úmbria, Itália de pais ricos e não cristãos. Casou-se cedo e teve vários filhos. Vivia uma vida mundana e as vezes sacrílega. Assim viveu até os trinta e sete anos, quando uma tragédia avassaladora mudou sua vida.

Num curto espaço de tempo perdeu os pais, o marido e todos os numerosos filhos, um a um. Mas, ao invés de esmorecer, uma mulher forte e confiante nasceu daquela seqüência de mortes e sofrimento, cheia de fé em Deus e no seu conforto espiritual. Em seguida a uma visão em 1285 ela se converteu. Como conseqüência, em 1291 fez os votos religiosos, doando todos os seus bens para os pobres e entrando para a Ordem Terceira de São Francisco, trocando a futilidade por penitências e orações. O dom místico começou a se manifestar quando Santa Ângela recebeu em sonho a orientação de São Francisco para que fizesse uma peregrinação a Assis. Ela obedeceu, e a partir daí as manifestações não pararam mais.

Ela experimentou várias experiências místicas relatadas pelo seu biógrafo, Padre Arnaldo de Foligno. Notável por sua caridade, visionária, mística é considerada a primeira escritora mística da história da Igreja.

Ângela de Foligno deixou inúmeros escritos de natureza mística, incluindo uma ampla autobiografia. Dedicou-se à meditação do mistério da paixão de Jesus Cristo; ás atividades de oração e prática da caridade. Segundo seus relatos teve visões místicas.

Contam seus escritos que ela chegava a sentir todo o flagelo da paixão de Cristo, nos ossos e juntas do próprio corpo. Todas essas manifestações, acompanhadas e testemunhadas por seu diretor espiritual, Santo Arnaldo de Foligno, foram registradas em narrações que ela escrevia em dialeto úmbrio e que eram transcritas imediatamente para o latim ensinado nas escolas, para que pudessem ser aproveitados imediatamente por toda a cristandade. Trinta e cinco dessas passagens foram editadas com o título "Experiências espirituais, revelações e consolações da Bem-Aventurada Ângela de Foligno", livro que passou a ser básico para a formação de religiosos e trouxe para a Santa o título de "Mestra dos Teólogos". Muitos dos quais a comparam como Santa Teresa de Ávila e Santa Catarina de Sena.

Uma das passagens mais interessantes de sua vida foi quando ela estava refletindo sobre a Paixão de Cristo e entrou em êxtase, no qual Cristo lhe diz: “Não foi para brincar que te amei”. Segundo ela, Jesus estava referindo-se ao Seu sacrifício na Cruz para nos salvar.

Sua espiritualidade se orienta para a Paixão e Morte de Jesus Cristo. O Cristo da Cruz é o livro da vida, que deve ser por todo aquele que deseja encontrá-lo. Era tamanha a vocação que ela nutria pela cruz, que se contemplasse uma estampa ou quadro que representasse alguma cena da Paixão, era acometida de febre.

Na meditação da Paixão era que tomava consciência da gravidade de seus pecados passados, chorando-os com dor maior. Nesta contemplação da cruz, ela mesma diz, ardia em tal fogo de amor e de compaixão que, estando junto à cruz, tomei o propósito de despojar-me de todas as coisas, e me consagrei inteiramente a Cristo.

Ângela terminou seus dias orientando espiritualmente, através de cartas, centenas de pessoas que pediam seus conselhos. A Santo Arnaldo ditou sua autobiografia. Na Santa Missa, ela muitas vezes via Jesus Cristo na Santa Hóstia.

Um de seus livros mais conhecidos: "Theologia Crucis" é uma belíssima meditação da Paixão de Cristo.

Morreu na mesma cidade em que nasceu em 4 de janeiro de 1309 e foi enterrada na Igreja de São Francisco de Assis em Foligno, Itália.

PENSAMENTOS DE ANGELA DE FOLIGNO

"Sem a luz de Deus ninguém se salva. Ela ajuda o homem a dar os primeiros passos; ela o leva ao topo da perfeição. Por isso, aquele que quiser começar a possuir esta luz de Deus, reze".

"Sua vida pode ser, mesmo quando sua língua está em silêncio, um límpido espelho...".

"Quanto mais você rezar, mais luz receberá; e quanto mais luz receber mais profundamente verá o sumo bem e a bondade dele definida em todas as coisas. E, quanto melhor e mais profundamente ver, mais o amará; e quanto mais o amar, mais será feliz; e quanto mais for feliz, mais compreenderá Deus e será capaz de entendê-lo".

"A oração deverá ser feita na medida do possível, numa situação de serenidade de espírito e, portanto, é possível, no silêncio e com a alma livre de qualquer ansiedade".

"Não dormia. Ele chamou-me e disse-me que aplicasse os meus lábios sobre a ferida do seu lado. Pareceu-me que aplicava os meus lábios, e que bebia sangue, e neste sangue ainda quente eu compreendi que ficava lavada. Eu senti pela primeira vez uma grande consolação, misturada uma grande tristeza, porque tinha a Paixão diante dos meus olhos. E solicitei do Senhor a graça de derramar o meu sangue por Ele como Ele tinha derramado o seu para mim".

“Quando a morte te arrancar deste mundo, cheio de vaidades e luxos sem razão, e chegardes a Minha Presença para ser julgada... vendo os pecados que os homens cometeram ao olhar para o teu corpo escassamente coberto, tu própria ficarás envergonhada”.

"Se você já estiver no caminho da perfeição e quiser que esta luz aumente em você, reze; se você já alcançou a perfeição e quer mais luz para poder nela perseverar, reze; se você quisera fé, reze; se quiser a esperança, reze; se quiser a caridade, reze; se quiser a pobreza, reze; se quiser a obediência, a castidade, a humildade, a mansidão, a fortaleza, reze. Qualquer virtude que você queira, reze".

"É bom e muito agradável a Deus que tu ores com o fervor da graça divina, que veles e te fatigues ao realizar toda ação boa; mas é mais agradável e aceitável ao Senhor se, faltando a graça, não diminuas tuas orações, tuas vigílias, tuas boas obras. Atue sem a graça da mesma maneira como o fazias quando a possuías… tu fazes tua parte, filho meu, e Deus fará a sua. A oração forçada, violenta, é muito agradável a Deus".

"Seria mais tolerável para mim sofrer todas as dores, suportar as torturas mais horrorosas dos mártires, que me ver exposta às tentações diabólicas contra a pureza".

"Colocastes a humildade de coração e a mansidão por fundamento e firme raiz de todas as virtudes... Por isso, Senhor, quisestes que, de vós, principalmente, as aprendêssemos... Dai-me a graça de estabelecer-me em tal alicerce! Fundada nesta base, esforce-me por crescer. Se for a humildade meu alicerce, será minha conversação toda angelical, pura, benigna e pacifica. Serei benévolo e agradável a todos, e com todos mostrar-me-ei amável... Ó humildade, quantos bens trazes, tu que fazes pacíficos e serenos os que te possuem!”

"O supremo bem da alma é a paz verdadeira e perfeita... Quem quer, portanto, perfeito repouso trate de amar a Deus com todo o coração, pois Deus mora no coração. Ele é o único que dá e que pode dar a paz".

"Sepultei-me na paixão de Cristo, e me deu a esperança de que nela encontraria minha libertação".

"Ó nada desconhecido, ó nada desconhecido! Não pode a alma ter melhor visão neste mundo do que contemplar o próprio nada e habitar nele como a cela de um cárcere".

“Ó Deus-Homem doloroso, ensinai-me a considerar e imitar o exemplo de vossa vida e a aprender de vós, ó modelo de toda perfeição!... Fazei-me correr atrás de vós com todo o afeto de minha alma, para chegar, com vossa guia, felizmente, à cruz".

“Ó Jesus, vossa primeira companhia na terra foi a pobreza voluntária, contínua, perfeita, suprema... Quisestes viver e ser pobre de todas as coisas temporais... Das coisas deste mundo só quisestes a extrema indigência, com penúria, fome e sede, frio e calor, muita fadiga, dureza e austeridade... Quisestes viver pobre de parentes e amigos e de todo afeto deste mundo... Enfim, vos despojastes de vós mesmo, exteriormente despido de vosso poder, sabedoria e glória".

"Eu, Ângela de Foligno, tive que atravessar muitas etapas no caminho da penitencia e conversão. A primeira foi me convencer de como o pecado é grave e danoso. A segunda foi sentir arrependimento e vergonha por ter ofendido a bondade de Deus. A terceira me confessar de todos os meus pecados. A quarta me convencer da grande misericórdia que Deus tem para com os pecadores que desejam ser perdoados. A quinta adquirir um grande amor e reconhecimento por tudo o que Cristo sofreu por todos nós. A sexta sentir um profundo amor por Jesus Eucarístico. A sétima aprender a orar, especialmente rezar com amor e atenção o Pai Nosso. A oitava procurar e tratar de viver em contínua e afetuosa comunhão com Deus".

PIERRE TEILHARD DE CHARDIN (1881-1955)

Pierre Teilhard de Chardin nasceu em Sarcenat, Clermont-Ferrand, na França, em 1881. Ingressou na Companhia de Jesus em 1899, ordenou-se sacerdote em 1911 e lecionou geologia e paleontologia no Instituto Católico de Paris de 1920 a 1923. Em seguida, permaneceu no Oriente (China, Índia, Birmânia, Java) até 1946, com vários períodos de estudo passados nos Estados Unidos e na Somália-Etiópia. Em 1923, descobriu a civilização paleolítica do deserto de Ordos, depois participou das escavações de Chou-k'ou-tien, que levaram à descoberta do sinantropo (Sinantropos pekinensis). Retornou à pátria em 1946 e esteve novamente nos Estados Unidos em 1951 e em 1953, encarregado de organizar as pesquisas antropológicas no sul da África.

Famoso como cientista, seu pensamento religioso e teológico, porém, só teve sucesso e difusão mundial após sua morte, sobretudo devido à publicação de numerosas obras ainda inéditas, que indicavam à teologia contemporânea novos caminhos de investigação, mais arrojados, baseados na antropologia e na interpretação evolucionista da criação.

Toda sua vida e obra se resume nestas palavras: 'Sou um cidadão do Céu e um cidadão da Terra'. Dedicou-se arduamente aos estudos paleontológicos e biológicos, enquanto era um homem de profunda espiritualidade e vida interior. Procurou fazer uma síntese entre Cristianismo e Evolucionismo.

Dentre seus escritos mais famosos destacam-se: "O coração da matéria" (1950), "O fenômeno humano" (1955), "O surgimento do homem" (1956), "O lugar do homem na natureza" (1956), "O meio divino" (1957), "O futuro do homem" (1959), "A energia humana" (1962), "Ciência e Cristo" (1965).

O Santo Ofício chegou mesmo a divulgar um monitum, ou advertência simples, para a aceitação das idéias do religioso, no entanto, suas idéias marcaram e influenciaram profundamente o Concílio Vaticano II.

Teilhard de Chardin regressou à França em 1946, mas ante a impossibilidade de publicar seus textos - que circularam em exemplares mimeografados e só foram editados após sua morte - transferiu-se para os Estados Unidos. Ingressou então na Fundação Wenner-Gren, de Nova York, que patrocinou, nos últimos anos de sua vida, duas expedições científicas ao continente africano.

As teorias teilhardianas, que tendem a interpretar a inspiração cosmológica e escatológica do cristianismo primitivo à luz da ciência moderna, embora recebidas com suspeitas e entre violentas polêmicas, contribuíram para a aproximação entre cristianismo e mundo científico moderno. Em 1950, Teilhard foi nomeado membro da Academia de Ciências de Paris.

Teilhard de Chardin morreu em Nova York, em 10 de abril de 1955, no domingo de Páscoa. Ele teria dito algumas semanas antes numa conversa com amigos: "Seria tão bom morrer na Páscoa!".

PENSAMENTOS DE TEILHARD DE CHARDIN

"Em virtude da criação, e mais ainda da Encarnação, nada é profano neste mundo, para quem sabe ver".

"Ter consciência de que o trabalho humano aperfeiçoa o reino de Deus, e que o esforço é uma participação na Cruz de Cristo, eis o privilégio do homem cristão. É a Deus e a Deus somente que ele forma através da realidade das criaturas".

"Eu amo-Vos Jesus pela multidão que se abriga dentro de vós, que ouço, com todos os outros seres, falar, rezar, chorar, quando me junto a Vós".

"Se não nos amarmos uns aos outros pereceremo, porque para ser mais é preciso unir sempre mais".

"Ser é unir-se a si mesmo, ou unir os outros"

"É um dever sagrado para o cristão, em matéria de verdade humana, pesquisar e comunicar o que ele encontra aos profissionais e em nível profissional".

"Porque o Cristo é Ômega, o Universo está fisicamente impregnado, até no seu âmago material, da influência de sua natureza sobre-humana. A presença do Verbo encarnado penetra tudo como um Elemento Universal".

"Jesus crucificado não é um rejeitado ou um vencido. Pelo contrário. Ele é Aquele que carrega o peso e que sobreleva sempre, em direção a Deus, os progressos da marcha universal".

"Se meus escritos são de Deus, passarão. Se não são de Deus, só resta esquecê-los".

"O futuro é como as águas sobre as quais se aventurou o Apóstolo: carrega-nos na proporção de nossa fé".

"O Cristianismo mais tradicional, o do Batismo, da Cruz e da Eucaristia é susceptível de uma tradução onde passa o melhor das aspirações contemporâneas".

"Se eu pudesse mostrar apenas, por um instante que fosse, aquilo que eu vejo, acho que valeriam a pena todos os esforços de uma vida inteira".

"A única religião daqui por diante possível para o Homem é aquela que lhe ensinará, primeiro, a reconhecer, amar e servir apaixonadamente o Universo do qual ele faz parte".

"A coisa mais impossível de se deter no Mundo é a marcha de uma idéia. Nada poderia jamais impedir o Homem de procurar tudo pensar e tudo experimentar até fim".

"Tu que feres e curas, tu que resistes e és dócil, tu que arruínas e que constróis, tu que acorrentas e que libertas - seiva de nossas almas, Mão de Deus, Carne de Cristo, Matéria, eu te bendigo!"

"Quando, pela primeira vez, num ser vivo, o instinto se percebeu no espelho de si mesmo, foi o Mundo inteiro que deu um passo".

"Quanto mais o Homem se tornar Homem, menos aceitará se mover senão em direção do interminavelmente eindestrutivelmente novo: ... o Absoluto".

"O homem não é apenas um ser que sabe, mas é também um ser que sabe que sabe".

"A alma humana é feita para não estar sozinha".

"Matéria, Vida e Energia: as três colunas de minha visão e de minha felicidade interior".

"Todos os sofredores da Terra juntando seus sofrimentos para que a dor do Mundo se torne um grande e único ato de consciência, de sublimação e de união: ... uma das mais altas formas da obra da Criação".

"O Universo, considerado em seu conjunto, tem um fim e não pode errar de direção, nem parar no caminho".

"Todos os que querem afirmar uma verdade antes do tempo arriscam-se a descobrirem-se heréticos".

"Algum dia, quando tivermos dominado os ventos, as ondas, as marés e a gravidade... utilizaremos as energias do amor. Então, pela segunda vez na história do mundo, o homem descobrirá o fogo."

"Nosso Cosmo, no fundo, não é senão o lento nascimento de uma consciência universal".

"Amar a Deus não somente 'de todo o seu corpo e de toda a sua alma' mas detodo o Universo em evolução".

"Eu creio que o Universo é uma Evolução. Eu creio que a Evolução vai para o Espírito. Eu creio que o Espírito, no Homem, se conclui no Pessoal. Eu creio que o Pessoal supremo é o Cristo-Universal".

"Quando o Cristo, prolongando o movimento da sua encarnação, desce ao pão para substituí-lo, sua ação não se limita à parcela material que sua Presença vem, por um momento, volatizar. Mas a transubstanciação se aureola de uma real, ainda que atenuada, divinização de todo o Universo. Do elemento cósmico em que se inseriu, o Verbo age para subjugar e assimilar a Si todo o resto".

"Aquele que amou apaixonadamente a Jesus escondido nas forças que fazemmorrer a Terra, a Terra, desfalecendo, abraçá-lo-á maternalmente em seusbraços gigantes, e, com ela, ele despertará no seio de Deus".

"O grande acontecimento de minha vida foi a gradual identificação de dois sóis no céu de minha alma, sendo um o ápice cósmico postulado por uma evolução generalizada do tipo convergente e outro constituído pelo Jesus da fé cristã".

"Matéria, Vida e Energia: as três colunas de minha visão e de minha felicidade interior".

"Cada um de nós, quer queira quer não, liga-se, por todas as suas fibras materiais, orgânicas e psíquicas, a tudo que o circunda".

"Cada indivíduo carrega em si algo de todo o interesse final do Cosmo".

"Quando o sacerdote pronuncia as palavras: 'Isto é o meu corpo', as palavras incidem diretamente sobre o pão e diretamente transformam-no na realidade individual do Cristo. Mas a grande ação sacramental não pára neste acontecimento local e momentâneo... Há uma 'eucaristização' de toda a criação".

“Senhor, já que uma vez ainda, não mais nas florestas da França, mas nas estepes da Ásia, não tenho pão, nem vinho, nem altar, eu me elevarei acima dos símbolos até à pura majestade do Real, e vos oferecerei, eu, vosso sacerdote, sobre o altar da terra inteira, o trabalho e o sofrimento do mundo”.