sexta-feira, 22 de maio de 2009

SÃO MÁXIMO, CONFESSOR (580-662)

São Máximo, Confessor, nasceu em 580, em uma família nobre de Constantinopla. Máximo, o Confessor foi o mais brilhante teólogo de uma época profundamente conturbada.

Foi primeiro secretário e conselheiro Imperial na corte de Heráclio. Depois de haver recebido uma esmerada educação civil e religiosa, ocupou um alto cargo estatal que abandonou para tornar-se monge.

Em 613 se retirou ao Monastério de Crisópolis, em Scutari, em frente à Bizâncio. Foi o grande campeão durante as controvérsias monofisitas e monotelitas.
No início, combateu o monofisismo; mais tarde, dedicou todas as suas energias contra a heresia monotelita.
Em 633 esteve em Alexandria com São Sofrônio. Permaneceu, na África, durante longos anos.
Em 645 discutiu vitoriosamente em Cartago com o Patriarca Pirro, sucessor de Sérgio.

Em decorrência de diversas perseguições, transferiu-se para Alexandria, e talvez para Cartago. Manteve discussões violentas com algumas heresias da época. Enfrentando uma heresia chamada monotelitismo, foi convocado para um concílio em Roma, acusado de conspiração contra o Império e exilado. Levado prisioneiro para Constantinopla, foi condenado a um exílio na Trácia. Um segundo julgamento transferiu-o para Colquis, não sem que antes lhe cortassem a língua e a mão direita (daí o título de Confessor - alguém que “confessou” a verdadeira fé).
Morreu em 662, depois de sofrer as torturas e a mutilação.

São Máximo escreveu numerosos escritos teológicos, exegéticos e éticos. São Máximo é o último grande teólogo da Igreja de língua grega, anterior a São João Damasceno. Possui sólida formação clássica e sagrada. Grande admirador dos Gregórios (de Nissa e Nazianzo).

Herdeiro, por meio de Evagrio Pôntico, da tradição origenista, e sofre influência de Leôncio de Bizâncio e Anastásio de Antioquia. Sua fonte principal é Pseudo Dionísio. Sua doutrina enquadra no esquema de fundo Neoplatônico, e une uma aguda penetração teológica a uma profunda tendência mística.

Em sua linguagem, rigor e precisão de suas definições revelam influência de Aristóteles.
São Máximo cria na Apocatástasis final. A reintegração das coisas em Deus se verificará por um processo de reunificação. A pluralidade retornará à unidade. Desaparecerá a distinção dos sexos.
Tudo voltará a ocupar o lugar que lhe corresponde, e então se realizará a divinização de todas as coisas. Até as almas dos condenados, por muitos séculos, chegarão a perder a recordação do pecado e retornarão a Deus.

PENSAMENTOS DE SÃO MÁXIMO

"Deus é sempre não participado em sua essência incomunicável, e é participado naquilo que Ele nos comunica"

"É o amor que aperfeiçoa a natureza humana e a faz participante por graça da natureza divina"

"Deus nos criou, produziu os seres existentes, todos eles, trazendo à existência aquilo que não existia, a fim de que nos tornássemos participantes da natureza divina, para que entrássemos na eternidade, para que pudéssemos tornar-nos semelhantes a Ele, sendo por graça deificados”.

"O Verbo de Deus criando a natureza humana introduziu nela um poder intelectual em virtude do qual ela poderá gozar do próprio Deus. Este poder é o desejo natural do intelecto por Deus. Todavia, o primeiro homem, no seu primeiro movimento para as coisas sensíveis, aplicou a inteligência à percepção sensível"

"Será Deus por semelhança aquele que, imitando o amor de Deus pelo homem, cura também divinamente os sofrimentos dos infelizes e no seu comportamento dá uma prova da Providência salvadora de Deus"

"O amor divino é extático enquanto não permite que os amantes pertençam a si mesmos mas àqueles que amam. Pois um verdadeiro amante saiu de si mesmo para Deus e já não vive mais a própria vida, mas aquela infinitamente mais amável do amado"

"Toda virtude ajuda a amar a Deus; nenhuma porém, como a oração pura"

"À medida que rezares por quem te caluniou, Deus revelará convincentemente a verdade a teu respeito àqueles que abriram a estrada à tentação"

"Se sentes ranços contra alguém, reza por ele; com a oração poderás superar a amargura derivada do erro recebido e desse modo frear o movimento da paixão"

"O amor e o domínio de si libertam a alma das paixões; a leitura e a meditação libertam a mente da ignorância; e o recolhimento em oração coloca o homem diante de Deus mesmo"

"Na Encarnação, Deus e o homem se servem reciprocamente de modelo: Deus se humaniza pelo homem no seu amor a ele e na mesma medida o homem, fortificado pela caridade, se transpõe por Deus em Deus"

"Deus criou-nos para nos fazer participantes da natureza divina, e participantes de sua eternidade, para que fôssemos semelhantes a Ele, para a deificação por graça"

“A Sagrada Escritura é como um ser humano. O Antigo Testamento é o corpo, o Novo Testamento é a alma, e o sentido do que ali está é o espírito. De um outro ponto de vista, podemos dizer que toda a Escritura sagrada, Antigo e Novo Testamento, tem dois aspectos: o conteúdo histórico, que corresponde ao corpo, e o sentido profundo, o objetivo a que devemos aspirar, e que corresponde à alma. Se pensamos nos seres humanos, vemos que eles são mortais em seu aspecto visível, mas imortais em suas qualidades invisíveis. Assim é a Escritura. Ela contém a letra, o texto visível, que é transitório. Mas também contém o espírito escondido por trás da letra, e esse não se extingue nunca, e deveria ser o objeto da nossa contemplação”.

“Quando tiverdes valentemente triunfado das paixões do corpo, guerreado contra os espíritos impuros e expulsado os seus pensamentos do domínio da alma, rezai para que vos seja dado um coração puro, e para que o espírito de retidão seja restaurado nas vossas entranhas. Pode-se chamar coração puro aquele que não tem mais nenhum movimento impulsivo para o que quer que seja. Nessa tábua perfeitamente lisa, que é fruto da simplicidade, Deus se manifesta e inscreve as suas próprias leis. Coração puro é aquele que apresenta a Deus uma memória sem espécies nem formas, unicamente disposta a receber os sinais pelos quais Ele costuma se manifestar".

“O espírito do Cristo que os santos recebem, de acordo com a palavra ‘nós temos o espírito do Senhor’ (Cor.1), não decorre da privação da nossa potência intelectual, nem como um complemento do nosso intelecto, nem sob a forma de um acréscimo substancial ao nosso intelecto. Não; ele faz brilhar a potência do nosso intelecto na sua qualidade própria, e a leva ao mesmo ato que ele. O que eu chamo de ‘ter o espírito de Cristo’ é pensar segundo o Cristo, e pensar o Cristo em todas as coisas”.

"A vontade de Deus é que nos salvemos, e nada Lhe agrada tanto quanto voltarmos a Ele num arrependimento verdadeiro. Os arautos da verdade e os ministros da Graça divina têm-nos dito isto desde o início, repetindo-o de idade em idade. Na verdade, o desejo de salvação com que Deus se aproxima de nós é o primeiro e o melhor sinal da sua infinita bondade. Foi exatamente para mostrar que não há nada tão próximo como isto ao coração de Deus que o Verbo divino, com inaudita condescendência, viveu entre nós, na carne, e fez, sofreu e disse tudo o que era necessário para reconciliar-nos com Deus Pai, quando éramos seus inimigos, e para restaurar-nos na bem-aventurança de que tínhamos sido exilados. Ele curou as nossas enfermidades físicas através de milagres; ele libertou-nos dos nossos pecados, numerosos e graves como eles eram, através do seu sofrimento e morte, levando-os em suas costas como se fosse responsável por eles - Ele, que não tinha pecado. Ele também nos ensinou, de muitas maneiras, que deveríamos querer imitá-lo com nossa bondade e genuíno amor um pelo outro. E assim Ele proclamou que tinha vindo chamar os pecadores ao arrependimento, não os justos, e que não são os sãos que precisam de médico, mas sim os doentes. Ele disse que tinha vindo buscar a ovelha perdida, e que para essa ovelha perdida da casa de Israel Ele tinha sido enviado. ‘Podeis saber que há alegria no céu - Ele disse - quando um único pecador se converte’".

"’Vinde a mim, vós que estais assoberbados e com o coração pesado’. ‘Aceitem o meu jugo’, Ele disse, significando os seus mandamentos, ou antes, todo o modo de vida que Ele ensinou nos Evangelhos. Ele fala de um fardo, mas isso é apenas porque o arrependimento parece difícil. ‘De fato - como Ele disse -, o meu fardo é leve, e o meu jugo é suave’".

“Pode-se encontrar cinco motivos pelos quais Deus permite que os demônios nos ataquem: Primeiro, para que, através desses ataques e contra-ataques, nos tornemos hábeis em distinguir o que é bom do que é mau; Segundo, de modo que nossa virtude se mantenha no calor da luta, e assim seja confirmada numa posição inexpugnável; Terceiro, de modo que, à medida que avançamos em virtude, sejamos curados da presunção, aprendendo a humildade; Quarto, de modo a inspirarrnos um repúdio completo ao mal, em seguida à experiência que temos dele; Quinto, e acima de tudo, de modo que conservemos nossa liberdade interior e nos tornemos convictos tanto das nossas fraquezas como da força daquele que veio em nosso auxílio".

"Pelo teu nome, Senhor, não nos abandones para sempre, não disperses a tua aliança e não afastes a tua misericórdia de nós (cf. Dn 3, 34-35) pela tua piedade, Pai nosso que estás no céu, pela compaixão do teu Filho unigênito e pela misericórdia do teu Santo Espírito... Ouve a nossa súplica, ó Senhor, e não nos abandones para sempre. Nós não confiamos nas nossas obras de justiça, mas na tua piedade, mediante a qual conservas a nossa estirpe... Não desprezes a nossa indignidade, mas tem compaixão de nós segundo a tua grande piedade, e segundo a plenitude da tua misericórdia purifica-nos dos nossos pecados, para que, sem condenações, nos aproximemos da tua santa glória e sejamos considerados dignos da proteção do teu Filho unigênito".

SANTA CATARINA DE GÊNOVA (1447-1510)

Catarina nasceu em 1447. Aos 12 anos teve a primeira visão do amor de Deus, na qual Jesus dividiu com ela alguns sofrimentos da sua Santa Paixão. Aos 13 anos decidiu abraçar a vida religiosa no convento das irmãs de Nossa Senhora das Graças, onde sua irmã Limbania era já uma religiosa. Falou com o diretor da Ordem, mas não aceitavam meninas muito jovens na congregação. Isto causou uma forte ferida no coração de Catarina, mas não perdeu a sua fé no Senhor.

Aos 16 anos se casou com Juliano Adomo; matrimonio não por amor, mas por oportunismo político a qual foi submissa. Os primeiros anos foram tristes e desolados devido ao caráter difícil do marido. Catarina conseguiu superar a crise, depois da visão de Cristo que espalhava sangue e daquele momento ela se dedicou ao exercício da caridade.

Depois, o Nosso Senhor durante uma outra aparição, fez reclinar a cabeça de Catarina no seu peito, dando-lhe a graça de poder ver tudo através dos seus olhos e sentimento através do Seu coração traspassado.

Sempre demonstrou grande reverência e amor pela Eucaristia. Durante a celebração da Santa Missa, o seu espírito permaneceu sempre recolhido, sobretudo recebendo a sagrada comunhão, muitas vezes lhe aconteceu de cair em êxtase e chorando orava Deus de perdoar os seus pecados.

A penitência que Catarina praticou era muito forte, tão forte que o nosso Senhor em uma ocasião lhe ordenou que cessasse de praticar estas mortificações e penitência tão severas e a isto, ela obedeceu.

Santa Catarina de Genova foi uma santa dotada por Deus de excepcionais graças e foi classificada uma das maiores místicas.

Da sua experiência pessoal de purificação nasceu o seu brilhante "Tratado do Purgatório". Foi determinante o seu influxo na vida eclesial do seu tempo, com o movimento do divino amor inspirado por ela, sobre a espiritualidade moderna através da escola francesa dos séculos XVI-XVII que trouxe muita admiração por ela.

Catarina morreu consumada pelo fogo do amor no dia 14 de setembro de 1510, dia da Exaltação da Cruz. O seu corpo foi sepultado no hospital onde serviu por mais de 40 anos.

PENSAMENTOS DE SANTA CATARINA DE GÊNOVA

“Não há felicidade comparável a das almas do Purgatório, a não ser a dos santos no céu, e tal felicidade cresce incessantemente por influência de Deus, à medida que os impedimentos vão desaparecendo.Tais impedimentos são como a ferrugem e a felicidade das almas aumenta à medida que esta ferrugem diminui”.

“Deus aumenta nelas a ânsia de O verem e acende-lhes no coração um fogo de amor tão poderoso que se lhes torna insuportável depararem com um obstáculo entre elas e Deus”.

"Ordenas-me amar o próximo. Ora, eu não posso amar senão a Ti. E Jesus: - Quem me ama, ama tudo o que eu amo!"

“Sentem-se tão fortemente atraídas para Deus que nenhuma comparação pode exprimir tal atração. Imaginemos, todavia, um único pão para matar a fome de todas as criaturas humanas e que bastava vê-lo para a fome ser satisfeita. Qual seria a reação de alguém que possui o instinto natural de comer e vem dotado de boa saúde? Qual seria, repito, a reação se não pudesse comer, nem tampouco adoecer ou morrer? Sua fome iria aumentando constantemente. Assim é a ânsia das almas no Purgatório para o encontro com Deus ”.

“Pelo que diz respeito a Deus, vejo que o céu tem portas e pode entrar nele quem quiser, porque Deus é todo bondade. Mas a essência divina é tão pura que a alma, se nota em si qualquer empecilho, precipita-se no Purgatório e encontra esta grande misericórdia: a destruição deste empecilho”

"Deus alenta a pessoa a levantar-se do pecado, depois, com a luz da fé, ilumina-lhe a inteligência e, logo, por meio de um certo gosto e deleite excita-lhe a vontade. Tudo isto realiza Deus num instante, se bem que nós o descrevamos com muitas palavras e o situemos num intervalo de tempo”

“A alma vê que Deus, pelo seu grande amor e providência constante, jamais deixará de a atrair à sua última perfeição. Vê também que, ligada pelos restos do pecado, não pode por si mesma corresponder a esta atração. Se encontrasse um Purgatório mais penoso, no qual pudesse ser mais rapidamente purificada, mergulharia nele imediatamente.”

“O amor divino, ao penetrar nas almas do Purgatório, confere-lhes uma paz indescritível. Tem assim grande alegria e, ao mesmo tempo, grande pena. Mas uma não diminui a outra.”

“Enquanto o acrisolamento não estiver concluído, compreendem que, se se aproximassem de Deus pela visão beatífica, não estariam no seu lugar e por isso sentiriam um maior sofrimento do que se permanecessem no Purgatório.”

“A cada uma é dada luz e graça a fim de que, fazendo o que estiver a seu alcance, possa salvar-se com tal de dar o seu consentimento. Este consentimento faz-se do seguinte modo: Quando Deus realiza a sua obra, basta que a pessoa diga: 'estou contente, Senhor, fazei de mim o que quiserdes, que estou decidida a nunca mais pecar e a deixar, por vosso amor, qualquer coisa do mundo'”.

“As almas sofrem voluntariamente as suas penas que não desejariam o menor alívio, por conceberem quão justas são.”

“O acrisolamento a que estão sujeitas as almas no Purgatório, experimentei-o em minha vida, durante dois anos. Tudo o que constituía para mim um alívio corporal ou espiritual, foi-me tirado gradualmente. Finalmente, para concluir: vede bem que tudo o que é profundamente humano, o nosso Deus todo poderoso e misericordioso transforma-o radicalmente. Não é outra a obra que se leva a cabo no Purgatório”.

SANTA GEMMA GALGANI (1878-1903)

Gemma nasce em Borgonuovo de Casigliano, um vilarejo situado perto de Lucca, na Itália, no dia 12 de Março de 1878. Gema em italiano significa jóia. Seu pai era um próspero químico e descendente do Beato João Leonardi. A mãe de Gema era também de origem nobre. Os Galgani eram uma família católica tradicional que foi abençoada com oito filhos.

Gema, a quinta a nascer e a primeira menina da família, desenvolveu uma atração irresistível pela oração enquanto ainda era muito pequena. Esse carinho pela oração lhe veio de sua piedosa mãe, que lhe ensinou as verdades da Fé da Igreja Católica. Foi a sua mãe que infundiu em sua preciosa alma o amor pelo Cristo Crucificado.

A jovem santa aplicou-se com zelo à devoção. Quando Gema tinha apenas cinco anos, ela lia o Ofício de Nossa Senhora e o Ofício dos Defuntos no Breviário com tanta facilidade e rapidez quanto um adulto.

Quando a mãe de Gema tinha de se ocupar com suas tarefas diárias de dona-de-casa, a pequena Gema puxava a saia da mãe e dizia: “Mamãe, conte-me um pouco mais sobre Jesus”.
Infelizmente, a mãe de Gema deveria morrer em breve. No dia em que Gema recebeu o Sacramento da Confirmação, enquanto rezava ardentemente na missa pela recuperação de sua mãe (a Senhora Galgani estava gravemente doente), ela ouviu uma voz em seu coração que dizia, «Tu me darás a tua mãezinha?»
“Sim,” respondeu Gema, “contanto que Tu me leves também.”
“Não,” replicou a voz, “dá-Me a tua mãe sem reservas. Por ora, tu deves esperar com o teu pai. Vou te levar para o céu mais tarde.”
Gema simplesmente respondeu “Sim”.

Aos 18 anos se opera ao pé sem anestesia e no dia de Natal do mesmo ano, faz o voto de castidade. Gemma fica órfã cedo, quase abandonada na maior miséria.

Já com 20 anos, Gemma não aceita uma proposta de casamento, por ser «toda de Jesus». Durante este ano fica curada milagrosamente de problemas na espinha e iniciam as experiências místicas. A chamam, na cidade, «a moçinha da graça».

Fala com o seu Anjo da Guarda e lhe da também encargos delicados, como aquele de entregar em Roma a correspondência ao seu diretor espiritual. «A carta, apenas terminada, a dou ao Anjo, ela escreve. Está aqui perto de mim e espera». E as cartas, misteriosamente, chegavam a destinação sem passar através do Correio do Reino.

Em junho de 1899, Cristo lhe dá o dom das estigmas. No mesmo ano, durante a missão em S. Martino, Gemma conhece os padres Passionistas que a introduzem na casa Giannini. Acolhida como uma filha nesta casa devota e rica, conduz uma vida retirada entre casa e Igreja. Mas as manifestações da sua santidade superam os muros da casa patrícia. Faz conversões, prediz acontecimentos futuros, cai em êxtase. Na oração, sua sangue; no seu corpo, além dos sinais dos pregos, aparecem as chagas da flagelação. Aqui conhece Padre Germano que dirigirá as suas confidências.

Logo se vem a saber que as suas luvas pretas e a sua veste escura e estreita escondem os sigilos da Paixão. Estas estigmas se abrem, dolorosas e sangüinantes, toda semana, na véspera das sextas-feiras.

Diante dela os cientistas não conseguem esconder o embaraço. Até alguns diretores espirituais não sabem como justificar a extraordinária moça: suspeitam de mistificação, falam de histerismo ou de sugestão, pedem provas, exigem obediência.

Somente ela, Gemma Galgani, no meio das dores físicas e às provas morais, não diz nada, ou melhor, diz sempre sim. Não pede nada, ou melhor, pede a Jesus para si, mais dores e para os outros pede a conversão e a salvação.

No ano 1901, com 23 anos, Gemma escreve por ordem de Padre Germano, a Autobiografia, "O caderno dos meus pecados". No ano seguinte se oferece vítima ao Senhor para a salvação dos pecadores. Jesus a pede de fundar um mosteiro de clausura Passionista em Lucca. Gemma responde com entusiasmo. No mês de setembro do mesmo ano adoece gravemente. A sua vida é marcada profundamente pela dor.

Começa o período mais escuro da sua vida. As conseqüências do pecado caem pesadamente sobre o seu corpo e sua alma. No ano 1903, era um Sábado Santo, Gemma Galgani morre aos 25 anos, devorada do mal, mas pedindo até o último momento ainda mais dor.

PENSAMENTOS DE SANTA GEMMA GALGANI

"Quem te matou, Jesus" pergunta Gemma. E responde Jesus: "O amor".

"Diversas vezes perguntei a Jesus que me ensine o verdadeiro modo de amá-lo, e então Jesus parece que me fazia ver as suas Santíssimas chagas abertas".

"És muito grande, o Jesus: o meu coração é pequeno, tu não podes estar dentro dele, que se dilate este coração!"

"No ano 1899, de repente senti um profundíssimo arrependimento de todos meus pecados e me apareceu Jesus Cristo com suas cinco chagas e de cada uma delas saíam como chamas de fogo que vinham a tocar minhas mãos e meus pés e meu peito, e apareceram em meu corpo as cinco chagas de Jesus".

“O importante não é olhar a cruz, nem levá-la ao peito, mas portá-la no profundo do coração”.

“Vinde todos, mas todos, compadecer-se de Jesus... Todos adoremos a paixão de Jesus, todos!... Vamos todos a Jesus na cruz!... Eia, vinde... Vamos recolher o sangue... que Ele tanto derramou”.

“Oh, se todos os pecadores viessem ao teu coração!... Vinde, pecadores, não temais, porque a espada da justiça não chega aqui dentro”

“Dai-me Jesus, vereis que serei boa... não serei mais aquela de antes: dai-me, porque me sinto destruída, e não agüento mais esperar”.

“Para mim, neste mundo, não há senão Deus; para mim, basta que Ele esteja contente”.

“Com a fé se leva tudo até o fundo... e com o amor a gente fica acorrentado a Jesus”.

“Quem busca agradar aos homens, não pode agradar a Jesus”.

“Se os atribulados e os aflitos pusessem o amor nas suas provações, muito mais fácil seria para eles suporta-las”.

“Se todos os homens procurassem conhecer e amar a Deus, este mundo se tornaria um paraíso”.

“Muitas vezes, abato-me e choro... o meu espírito está pronto, mas meu corpo é débil”.

“Duas coisas sinto em mim de infinita doçura: no amor, és tu quem deleita minha alma; e na dor, sou eu quem deleito a tua alma”

“Jesus, contenta-me. Já não é mais o tempo de Tu sofreres tanto assim... Agora, estou eu, toca a mim”.

“Que alegria a gente encontra no abandonar-se nos seus braços! Fica-se tão bem com Jesus somente!”

“Quero que ninguém me ultrapasse jamais no amor a Jesus”.

“Sofro por não poder sofrer”.

“O verdadeiro amor se prova na dor”.

“Jesus me disse que seus filhos devem morrer crucificados”.

“Fere-me mais a voz de Jesus do que uma espada de muitos gumes”.